A eliminação do Botafogo pelo Pachuca na Copa Intercontinental não foi apenas uma derrota em campo; foi o retrato de uma temporada que cobrou seu preço. O Glorioso, que tanto brilhou ao longo do ano e chegou a disputar o topo com autoridade, sentiu na pele o peso do calendário. Foram 75 partidas, um número que por si só já seria desafiador, mas que se intensifica diante de decisões consecutivas, viagens desgastantes e, claro, a pressão de sempre representar com grandeza.
Na busca pelo fôlego perdido, Artur Jorge tentou encontrar soluções no banco de reservas. Optou por começar sem nomes como Alex Telles, Marlon Freitas, Savarino e Almada – uma escolha que, embora compreensível fisicamente, acabou moldando um primeiro tempo de pouco brilho e muitas disputas truncadas. O Botafogo apostou em bolas longas, procurando uma saída mais simples, mas encontrou um Pachuca disciplinado, que soube equilibrar suas limitações técnicas com força e vigor físico.
A segunda etapa foi a sentença. O desgaste acumulado e a falta de imposição fizeram com que o Pachuca dominasse, construindo o placar com um golaço de Idrissi, seguido pelos tentos de Deossa e Rondón. Mais do que um resultado de 3 a 0, o jogo simbolizou o limite que o Botafogo atingiu nesta maratona implacável de partidas.
O futebol, como se sabe, é um esporte que une tática, técnica e entrega física. O equilíbrio entre esses pilares é o que diferencia os grandes momentos dos dias de tropeço. O Botafogo é um campeão da Libertadores, campeão de uma temporada histórica, mas o corpo humano tem suas limitações. Mais do que buscar culpados, é um momento de reflexão sobre o calendário, a preparação física e a necessidade de respirar para voltar ainda mais forte.
A eliminação é dolorida, mas não apaga a jornada. O Glorioso sai do torneio sabendo que as batalhas deste ano foram muitas e, em sua maioria, vitoriosas. Que o aprendizado da noite em Doha sirva de combustível para as próximas conquistas. O futebol é feito de ciclos, e para o Botafogo, o caminho de retorno ao topo mundial ainda está em construção. Afinal, grandes times não são definidos apenas pelas vitórias, mas pela capacidade de reagir às quedas.