A noite de 19 de novembro de 2024, marcou mais uma página no enredo das Eliminatórias Sul-Americanas. Brasil e Uruguai se enfrentaram na Arena Fonte Nova, em Salvador, com direito a um empate por 1 a 1 que misturou emoções dentro de campo e frustrações fora dele. O jogo foi disputado, mas o espetáculo, muitas vezes prometido pela Seleção, parecia ausente – tanto nas arquibancadas quanto no gramado.
O jogo: um reflexo de tempos instáveis
Federico Valverde, do Uruguai, abriu o placar aos 60 minutos em um contra-ataque letal, expondo as fragilidades defensivas de um Brasil que ainda busca identidade sob o comando de Dorival Júnior. Pouco depois, Gerson, com garra e técnica, empatou para a equipe canarinho, levantando a moral de um time que jogava sob pressão.
Porém, o que se viu na sequência foi um jogo travado. Sem brilho individual ou coletivo, os minutos finais trouxeram mais apatia do que esperança, espelhando o momento irregular da Seleção nas Eliminatórias. Com o empate, o Brasil fecha o ano em quinto lugar na tabela, atrás de Argentina, Uruguai, Colômbia e Equador, uma posição que preocupa torcedores acostumados à hegemonia sul-americana.
Dorival Júnior: a trajetória no comando da Seleção
Dorival Júnior assumiu a Seleção Brasileira em 2023, após a saída conturbada de Tite, que não conseguiu superar as expectativas na Copa do Mundo de 2022. Experiente e respeitado no futebol brasileiro, Dorival chegou ao comando técnico com a missão de resgatar o prestígio da equipe e, ao mesmo tempo, fazer uma transição geracional, integrando jovens talentos ao time principal.
Antes de comandar o Brasil, Dorival construiu um currículo sólido no futebol de clubes. Ele é lembrado especialmente por sua passagem pelo Flamengo, onde conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil de 2022, além de trabalhos de destaque no Santos e no Athletico Paranaense. Sua capacidade de lidar com estrelas e estruturar equipes competitivas fez dele uma escolha natural para o cargo na Seleção.
No entanto, a trajetória na Seleção tem sido marcada por altos e baixos. Em 2023, a conquista da Copa América trouxe esperanças, mas as Eliminatórias mostraram que os desafios são maiores do que aparentavam. Com resultados inconstantes e atuações apagadas, a pressão sobre Dorival aumentou. Torcedores e críticos têm questionado sua insistência em algumas escolhas táticas e a falta de evolução no estilo de jogo da equipe.
Dorival, no entanto, insiste que está no caminho certo. Ele destacou após o jogo de ontem que o processo de renovação leva tempo e que o objetivo principal é chegar à Copa do Mundo de 2026 com um time equilibrado e competitivo. Apesar disso, o quinto lugar nas Eliminatórias não é um lugar confortável para o técnico ou para os torcedores.
Polêmica: preços proibitivos e arquibancadas vazias
O estádio, que tem capacidade para mais de 50 mil pessoas, não esteve lotado. Isso chamou a atenção, especialmente para uma partida da Seleção Brasileira. O motivo? O preço dos ingressos. Com valores que variavam de R$ 200 a R$ 800, a torcida local simplesmente não compareceu em peso.
Enquanto a CBF justifica os altos preços como uma necessidade de "sustentar o espetáculo", o público parece ter dado sua resposta. Em Salvador, onde a paixão pelo futebol é evidente, a decisão de esvaziar o estádio não foi por falta de amor à Seleção, mas por uma questão prática: o orçamento apertado. Em tempos de inflação e dificuldades econômicas, o futebol, que já foi o esporte mais acessível do país, parece cada vez mais distante do povo.
**Tabela Atualizada: A briga por 2026**
Após o empate entre Brasil e Uruguai, a classificação das Eliminatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 está da seguinte forma:
1. Argentina - 25 pontos
2. Uruguai - 20 pontos
3. Colômbia - 19 pontos
4. Equador- 19 pontos
5. Brasil - 18 pontos
6. Paraguai - 17 pontos
Fora da zona de classificação
7. Bolívia
8. Venezuela
9. Peru
10. Chile
- As seis primeiras seleções garantem vaga direta para a Copa do Mundo de 2026.
- A sétima colocada terá a chance de disputar a repescagem mundial.
A disputa pela classificação direta está acirrada, especialmente entre o Brasil, Equador e Paraguai. As próximas rodadas serão decisivas para definir quem mantém a chance de ir ao Mundial.(Seguem Bolívia, Peru, Venezuela e Chile, fora da zona de classificação)
A situação acende o sinal de alerta. O Brasil, acostumado à liderança, agora enfrenta a pressão de manter-se entre os seis primeiros, já que apenas eles têm vaga direta na Copa de 2026. É uma posição desconfortável, especialmente para uma equipe que se orgulha de sua tradição vencedora.
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Retrospectiva: glórias e dificuldades nas Eliminatórias
Historicamente, o Brasil sempre teve um desempenho imponente nas Eliminatórias. Desde que o formato atual foi implementado em 1998, a Seleção jamais ficou de fora da Copa do Mundo. O retrospecto é de liderança constante, com equipes que encantaram os torcedores. No entanto, em ciclos mais recentes, o brilho tem dado lugar a atuações apenas funcionais, dependendo mais de talentos individuais do que de um esquema coletivo.
Comparado a edições anteriores, o Brasil de 2024 é um retrato de instabilidade. Em 2018, o Brasil liderou com folga, enquanto em 2022, mesmo com dificuldades, ainda se mostrou superior aos rivais. O empate de ontem, junto com os recentes resultados, reforça uma sensação de declínio técnico e emocional.
Conclusão: futebol e desconexão
Brasil x Uruguai foi mais que um empate no papel; foi um reflexo de desconexão. Dentro de campo, a Seleção luta para encontrar seu rumo sob o comando de Dorival Júnior. Fora dele, a torcida se vê cada vez mais afastada de seu time, seja pelo preço dos ingressos ou pela falta de uma identidade que inspire.
Resta esperar que 2025 traga não só melhores resultados, mas também uma reaproximação com o torcedor. Afinal, o futebol brasileiro não é apenas sobre vitórias ou derrotas – é sobre a paixão de um povo que merece estar nas arquibancadas, vibrando como sempre.