Na era dos stories e do feed infinito, quem diria que o velho Hamlet de Shakespeare ganharia uma nova roupagem, com ares contemporâneos e um cenário tão brasileiro quanto os vastos campos do agronegócio? Pois é exatamente isso que “Hamlet”, o curta-metragem dirigido por Carol Guimarães, entrega ao público. Inspirado no clássico shakespeariano, o filme não apenas revisita a obra imortal, mas a reinventa, inserindo suas reflexões sobre poder, machismo e ganância em um contexto que ressoa profundamente com o Brasil atual.Filmado no formato vertical, a linguagem favorita das redes sociais, “Hamlet” transforma o palco elisabetano em uma tela de celular, provando que a tragédia de um príncipe dinamarquês pode ser tão eficaz quando traduzida para os dramas familiares de uma fazenda brasileira. No lugar do castelo de Elsinore, temos os campos férteis (e nem tão inocentes) do agronegócio. Entre disputas de poder e segredos de família, o curta nos faz refletir sobre a hipocrisia que permeia as relações humanas e sociais — e como o luto pode ser um catalisador para a verdade.
Após conquistar a crítica em uma trajetória de festivais que incluiu Londres, Itália e Brasil, “Hamlet” não perdeu o ritmo. Ao contrário, parece ter encontrado sua verdadeira vocação ao retornar às redes sociais, o palco mais democrático e pulsante dos dias de hoje. E não foi à toa que a escolha pelo formato vertical se tornou um elemento central: é um convite para um público jovem e conectado, que consome cultura entre um scroll e outro, mas que não é menos ávido por histórias significativas.
O elenco, liderado por Augusto Oliveira, entrega performances intensas, apoiado por um roteiro que transforma as palavras de Shakespeare em um idioma acessível, sem perder a profundidade. É nessa adaptação que o trabalho de Didi Paulini e Giovanna Romano se destaca, trazendo à tona questões sociais relevantes, enquanto mantém intacto o espírito da obra original.
“Hamlet” é mais do que um curta. É uma provocação, um espelho para as hipocrisias da sociedade brasileira e, acima de tudo, uma celebração da capacidade de reimaginar clássicos para os tempos modernos. Então, pegue seu celular, ajuste a tela e prepare-se para uma tragédia em alta definição. Porque, no fim, como diria o próprio Hamlet, “o resto é silêncio” — ou, neste caso, um like e um comentário bem colocado.
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